ENTRE A ESPERA, O ASSALTO E A ILUSÃO SOCIAL


Três, dois, um... pronto, acabou. Era uma vez um sujeito que esperava — esperava tanto que o tempo passou. Em meio à espera, teve um encontro com a realidade nua e crua da vida, percebendo sua pequenez diante dos acontecimentos. Reafirmou seus conceitos: a vida é tão efêmera que não deve ser levada tão a sério, e os planos precisam ser traçados para execução em curto prazo. Ações de longo prazo não podem ser prioridade, sob o risco de jamais se concretizarem.

Vivenciar um assalto leva à reflexão, mesmo quando não há violência e todos saem ilesos. A sensação de desconfiança desorienta — todos passam a parecer suspeitos. O baque não veio no momento do ocorrido, mas depois, quando tudo já estava sob controle. É aí que se percebe: o ser humano pode ser profundamente irracional.

O que leva alguém a colocar sua vida — e a de tantos outros — em risco por bens materiais? Bens que poderiam ser conquistados por meio de trabalho digno. Quais seriam os pensamentos dessa pessoa antes, durante e depois do ato? Será que reflete ou já incorporou isso como profissão?

Observem os programas sociais tão exaltados em verso e prosa por aqueles que ocupam o poder. É preciso até cuidado ao falar disso, para não ser execrado. Mas a verdade é que esses programas não estão resolvendo o problema — ao contrário, estimulam o aumento das taxas de natalidade com o simples objetivo de adesão aos inúmeros benefícios distribuídos. Isso empurra a sociedade para um caminho sem volta. Quando essa geração perceber que, no sistema atual, não há espaço para todos no topo do consumo, a conta — que já está sendo cobrada — não recai sobre a classe política, que colhe os bônus, mas sobre nós, sociedade desprotegida, que arca com o ônus. Permanecemos como o cavalo na marcha de Sete de Setembro: andando, defecando... e nós, o povo, aplaudindo.

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