FOLHETIM DE TRAIÇÃO: A FARSA SILENCIOSA ENTRE MIM E MEU TRABALHO


Minha relação com o trabalho é um fidedigno folhetim de traição: eu finjo que me esforço, e ele finge que me reconhece e recompensa. Preciso de uma ocupação que me permita produzir algo útil — e não que apenas me sugue. Sem falsa modéstia, minha função atual não está à minha altura. Estou a anos-luz disso. Preciso sair dessa zona de acomodação.

Meu problema é a autossuficiência — minha maior virtude e, ao mesmo tempo, meu maior defeito. Essa certeza de que posso resolver tudo em cima da hora, sem planejamento, é o meu calcanhar de Aquiles. A vantagem que ganho com jogo de cintura e adaptabilidade não compensa a ausência dos resultados esperados, que certamente seriam alcançados com uma pequena parcela de dedicação.

Contudo, não lograr êxito não me fere, nem me perturba. O que realmente me toca é perceber o desapontamento de todos que apostam em mim. Saibam que enxergo pelo mesmo prisma com que me visualizam. Falta algo para dar partida. Agora, o que é — eu juro que não sei.

 

 


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