PRONOMES EM RUÍNAS: UM DESABAFO EXISTENCIAL EM SEIS VOZES


Eu ainda respiro, logo penso que existo. Tu, que és responsável pelo equilíbrio do mundo, coexistes. Ele, o fruto, nunca existiu — nem foi desejado, só nos meus sonhos. Nós praticamente já não existimos; a divisão é cada vez mais aguardada. Vós sois cega, estais cumprindo o papel errado — mas quem sou eu para vos nortear? Eles existem, e como existem: distribuindo problemas e delegando ações.

Eu joguei a toalha. Tu a estendeste. Ele, o destino, a recolheu. Nós esvaziamos as gavetas, rasgamos os papéis e as juras. Vós achais que estais convicta em vossos ideais. Eles se aproveitam — já definiram a sua ocupação.

Eu não me culpo, a não ser por omissão ou por falta de ambição. Tu estás bitolada, mas é tua escolha; cabe a mim apoiar-te, mas não seguir-te. Ele, novamente, o destino, riu — escarnecendo o que facilmente destruiu. Nós, no fundo, deixamos; é bem mais fácil aliar-se do que confrontar. Vós exerceis um papel que não vos pertence — nunca vi ninguém vos confortar. Eles, coitados, necessitam de ti como o ser humano precisa viver.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Odômetro da Alma

NECROSE

Instruções para a Alma