LEGADO UM DIÁLOGO FICTÍCIO

· INOCENTE - Bom dia professor.

· CULPADO - Prossiga.

· INOCENTE - Qual sua opinião sobre o nosso movimento de ocupação da escola.

· CULPADO - Vocês não tem maturidade para digerir a minha análise.

· INOCENTE - Estamos exigindo nossos direitos.

· CULPADO - Agora que já estão conscientes dos seus direitos, aproveitem e procurem conhecer e arcar com seis deveres.

· INOCENTE - Queremos uma merenda melhor, melhores instalações, mais conforto.

· CULPADO - Minha querida, isso você tem em casa ou no Shopping, aqui é local de esforço mental, esses pressupostos são complementos, não premissas.

· INOCENTE - As aulas são chatas, são desmotivadoras.

· CULPADO - Os alunos também são.

· INOCENTE - Os professores não têm didática, não sabem passar o assunto.

· CULPADO - Você como grande excelência na arte da didática sugere o que? Como não tem consciência do profundo déficit educacional e não consegue acompanhar o conteúdo, parte para o mais fácil colocar a culpa do fracasso pessoal no próximo.

· INOCENTE - Não tenho condição de disputar uma vaga em uma universidade pública com um aluno de escola particular.

· CULPADO - Concordo, ele chega ao ensino médio alfabetizado, você se apresenta como analfabeto funcional.

· INOCENTE - Minha salvação é a política das cotas.

· CULPADO - Criança essa é sua perdição, você já viu alguém começar uma construção pelo telhado? A política de cotas, FIES, PROUNI, funcionam como um Serial Killer, assassinam cérebros, jogam no mercado profissionais desqualificados apenas para produzir números e melhorar estatísticas.

· INOCENTE - impossível conversar com o senhor, sua vida já está arrumada, não se preocupa com a gente.

· CULPADO - Minha nobre aluna, a minha função primordial não é me preocupar com você, essa função é da sua família, como minha vida já está arrumada segundo você, mesmo não sendo pago para isso vou te aconselhar, pare de brincar de acampamento e cumpra sua função na sociedade, evolua, migre de frequentador de escola para estudante no sentido epistemológico da palavra estudar.

· INOCENTE - Desisto de conversar com o senhor nunca vi professor de geografia como o senhor, que não fica ao lado dos oprimidos.

· CULPADO - Queridinha, diferente da maioria dos meus supostos colegas, eu penso, não sou ruminante, minha opiniões são formadas a partir do meu entendimento, não fico repercutindo dogmas alheios, nem me pauto em pensar em grupo.

· INOCENTE - O senhor é proletário, nunca vi pobre de direita.

· CULPADO - Minha politizada educanda, a palavra pobre tem vários sentidos, econômico, de caráter, de espírito, quanto a ser de direita, faz-me rir, direita e esquerda no Brasil são conceitos que não se aplicam, sabe de uma, vá procurar o que fazer lavar uma trouxa de roupa, uma pilha de prato, uma casa pra varrer, o resultado desse caos instalado é reflexo do fracasso e da permissividade da instituição família.

جواو كارلوس