PINHEIRO


Meu bom e velho Pinheiro, de tantas lembranças que machucam de saudade esse velho coração, lá ficaram os entes queridos que fisicamente não estão mais entre nós, porém suas lembranças ficaram entranhadas em cada construção, cerca, cacimba, curral, em cada pedacinho que chão que nos pisamos, local de uma gente sofrida, simples, hospitaleira, que conseguiu conviver e sobreviver apesar de tanta dificuldade, gente de riso fácil, que transborda laços fraternais e que temos o prazer de abrir a boca e gritar: SÃO MEUS PRIMOS, MEU SANGUE, simpatia que contrasta com a dureza do clima.

O Semi árido, endêmico dessa região produziu pessoas fortes, de traços duros e de corações generosos, vivi parte da minha infância aí, desfrutando de um ambiente familiar riquíssimo, cercado de primos que não se importavam com bens materiais, posições sociais, títulos escolares, roupas de marcas, a única exigência era o companheirismo, às brincadeiras de criança, da casa de vó Liquinha com seu cajueiros, coqueiros, umbuzeiros, da saudosa Vó Zefa e seu Xerém, Tia Zezé e seus queijos deliciosos, meu pai e seu espírito caridoso que era capaz de doar até a roupa do corpo para um necessitado, fomos crianças criadas com responsabilidades de adultos, do corte da palma, abastecimento das casas pegando água água nas cacimbas e em poços esverdeados, recolhíamos os animais sem birra, era uma diversão, éramos amados por todos sem distinção, meninos criados soltos à espera da feira no sábado em Arcoverde montados no Pau de Arara de tio Zé Coutinho, corríamos nas Fazenda de Dr. Paulo, da cantora Joana, do humorista Chico Anísio e aos domingos a festa era nas bodegas de Mário e Dadá nas Placas (Cruzeiro do Nordeste) para as guloseimas: (alfeni, rapadura, doces e cajuínas).

Pena que esse conto de fadas só durava o período das férias, encontros que foram rareando, até cessar com a morte do meu pai, hoje pergunto, porque durou tão pouco? Porque não fiquei lá? Porque não voltei? Lá é meu sangue, meu povo, minha origem, lá é meu lugar.

A melhor fase da minha vida foi nessa terra árida, sem perspectiva, porém cercada de amor, irmandade
Quero voltar pra lá 

(... ) Sem rádio, sem notícia da terra civilizada (...)



جواو كارلوس

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