O PESO DAS PALAVRAS



Mesmo sabendo que mereço cada sílaba que me foi ofertada por ter sido o elemento desagregador desta família, as palavras foram duras, lacerantes; cada letra arrancou um grande naco de respeito e admiração. Foram recolhidas cuidadosamente ao longo desses anos, todas carregadas de dor, ódio, remorso e cobranças de favores de forma sutil, como a balança que não se nivela no caminho, em que um prato tem a tara mais pesada que o outro.

Cada palavra veio acompanhada de uma feição que atravessava o corpo concomitantemente, ferindo não apenas a carne, mas também a alma. Transmitiram um rastro de ira que dificilmente se observa entre inimigos, quanto mais entre pessoas íntimas. Calar é o mais sábio — e também o mais difícil de digerir — diante de gente ruim, da pior qualidade, dissimulada.

Pergunto-me: que direção tomar? Será que esse monstro relatado realmente existe? O que fazer com ele? E se o monstro não habita este escriba, cada análise não passa da visão do outro através do nosso prisma.

A dor e a raiva ainda ecoam, mesmo após tanto tempo. O peso das palavras não foi esquecido, e a memória das feições que as acompanharam ainda arde. É difícil saber como lidar com isso, como processar a intensidade das emoções que foram despertadas. A resposta, por enquanto, permanece um mistério.

Mas uma coisa é certa: é necessário encontrar um caminho para seguir em frente, para não permitir que a dor e a raiva definam quem somos. É preciso encontrar força para continuar, mesmo quando o caminho parece incerto. Perdoar é vital, seguir é necessário. Cada situação que nos é apresentada constitui nossa sabatina diária no aprimoramento da alma. E está tudo certo: faz parte.

A reflexão sobre a dor e a raiva é um passo importante para a cura e o crescimento pessoal. A busca por um caminho para seguir em frente é um processo contínuo e indispensável para a superação.

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