A Videira Invisível


Eu sou como a videira estéril — sem frutos vistosos, sem descendentes, insignificante aos olhos humanos, sem árvores plantadas, sem livros escritos, sem invenções que transformem a sociedade.

Talvez minha luta silenciosa acenda uma centelha de esperança nos outros — e isso, para mim, é suficiente.

Pois é na renúncia às glórias mundanas que descubro meu legado: uma colcha de retalhos, tecida com fios de humildade e reflexão, deixada, otimista, a alguém distraído ou ocioso. Que ela inspire quem a encontrar a questionar se vale a pena vangloriar-se de títulos ou exibir diplomas — distribuídos como migalhas a pombos de praça — que revelam a ignorância diante da verdadeira missão espiritual.

Guardo meu diploma, não por orgulho, mas pela burocracia estatal — envergonhado por ele não refletir a vida real. Reproduzir conteúdos excêntricos e teses fantasiosas exige um esforço imenso e um mergulho profundo na espiritualidade para equilibrar corpo, mente e respeito entre pares.

Aprendi que o melhor remédio é simular indiferença e buscar a paz. Os louros são efêmeros — mas a serenidade é eterna.

 


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